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Tupac Amaru

 Por Pedro Guimarães - Tupac Amaru foi um líder curaca que se rebelou junto à elite crioula, contra a colonização espanhola. Amaru nasceu em Cusco, Peru, em 19 de março de 1742, com o nome de José Gabriel Condorcanqui Nogueira.

Posteriormente, passou a se chamar Tupac Amaru II, se declarando herdeiro do líder Tupac Amaru do século XVI. Assim, o movimento liderado por este líder indígena se enquadra em um conjunto amplo de várias rebeliões do século XVIII que aconteceram no vice-reino do Peru.

O movimento liderado por Tupac Amaru se relacionava com outros movimentos que surgiram em torno de outros Tupacs, como os de seus filhos e os Tupacs katari, na Bolívia. Além disso, também tinha relação com os interesses locais de espanhóis nascidos na América, e com a elite indígena a que ele pertencia.

No interior do movimento em que Tupac estava integrado, havia forças conciliadoras e radicais. Assim, no lado das forças mais conciliadoras, estavam características proto nacionalistas, e do lado das forças mais radicais estavam os indígenas anticlericais.


No entanto, Tupac não era anticlerical, mas grande parte de sua base era. Dessa forma, os movimentos anticlericais foram reprimidos com grande violência e figuram como símbolos de luta contra a opressão colonial.

A divisão da América espanhola

No entanto, Tupac não era anticlerical, mas grande parte de sua base era. Dessa forma, os movimentos anticlericais foram reprimidos com grande violência e figuram como símbolos de luta contra a opressão colonial.

Basicamente, quatro grupos étnicos formavam a América Espanhola configurada como uma sociedade estamental: espanhóis, crioulos, mestiços, escravos e indígenas.

 

Contudo, vale lembrar que essa divisão criava uma sociedade desigual, onde os colonos espanhóis (chapetones) tinham o controle político dos territórios coloniais e os crioulos eram a elite econômica.

Ao mesmo tempo, grande parte da sociedade era explorada para produzir as riquezas coloniais. Portanto, na parcela mais explorada estavam os africanos escravizados, mestiços e mulatos (descendentes de espanhóis com índios e negros).

A primeira revolta importante foi liderada pelo chefe inca Atahualpa, entre 1742 e 1756, na região do atual Peru. A propósito, nessa revolta, os rebeldes lutavam contra a prática da mita (prática de exploração dos índios nas minas de minérios).

Além disso, lutavam contra a dominação espanhola e em favor da restauração do império Inca. Porém, essa rebelião foi controlada pelas autoridades espanholas.

O gesto revolucionário de Tupac Amaru II se integra com o ciclo da independência continental entre 1770 a 1824, que culmina com a liberação das repúblicas sul-americanas do colonialismo espanhol.

Biografia de Tupac Amaru

José Gabriel Condorcanqui, Tupac Amaru II, nasceu em Surimana, Cusco, em 1738. Foi filho de cacique e descendente de Felipe Tupac Amaru, julgado pelo vice-rei Toledo  na praça maior de Cusco, em 1579. Quando jovem, José Gabriel estudou no colégio São Francisco de Borja da cidade de Cusco, dirigido pelos jesuítas.

Portanto, essa formação lhe deu um rigor metodológico que lhe permitiu conhecer o império em toda a sua estrutura. Posteriormente, foi nomeado cacique de Tungasuca. Contudo, aos 23 anos em 1766, o corregedor de Tinta o nomeou cacique de Pampamarca, Tungasuca e Surimana.

Nessa mesma época, conquistou seu próprio reinado e se consagrou como descendente Inca. Esses fatores foram fundamentais para seus objetivos separatistas e revolucionários.

Com formação teórica e bilíngue, Tupac Amaru com seus 42 anos se articulava com facilidade entre os mundos espanhóis e indígenas. Além disso, cumpria totalmente as funções de curaçá ou cacique, configurada na autoridade ética encarregada de receber os impostos e manter a ordem.

Assim, cumpria essa  função em Yamaoca e em outras pequenas vilas, Pampamarca e Tungasuca, a 80 quilômetros a sudoeste da capital cusquenha.

 Perfil de Tupac Amaru

Tupac Amaru uniu todos os deserdados de riquezas como os escravos negros, indígenas, mestiços e crioulos.  Dessa forma, suas noções de nação e pátria tinham sido aprendidas a partir de textos do Inca Garcilaso de la Veja, básico em sua formação.


Porém, destaca-se em seu gesto libertário o caráter inclusivo de sua luta emancipadora e o novo projeto estratégico de desenvolvimento para o país. Nele, representava a maioria nacional oprimida pela dominação espanhola.

No entanto, no decorrer de sua luta, Tupac Amaru convocou a conformação plural de toda nação. Neste sentido, organizou a rebelião por anos no Peru.

Suas reivindicações não estavam somente no âmbito das injustas condições de comércio colonial. Elas se configuram também, nas inumanas condições de trabalho que haviam nos sistemas de escravidão, nas minas de Potosí, nas indústrias têxteis e nas mitas.

De maneira oposta ao movimento crioilo, que carecia de uma perspectiva nacional, Tupac Amaru desejava mudar radicalmente o sistema de dominação sobre o mundo indígena.

Parte da luta de Tupac Amaru é contra os desmedidos impostos, que eram pagos pelo povo, mas sua luta não se resume só a essa causa, ele proclama o fim da escravidão, da ordem colonial e sua estrutura de classe. Além disso, condenava o esquema de trabalho injusto para os nativos do Peru.

A execução do corregedor Antônio de Arriaga

Em quatro de novembro de 1870, aconteceu a execução de Antônio de Arriaga, liderada por Tupac Amaru. A execução foi feita com o enforcamento do corregedor, diante de uma plêiade de espanhóis, índios, mestiços, negros e todos os marginalizados do país.

Esta execução aconteceu em Tinta, um pequeno povoado ao sul do Peru. Portanto, no momento da execução, Tupac Amaru discursou em prol da liberação do povo indígena da dominação espanhola.

Este fato histórico marcou o início das rebeliões, que se espalharam pelos andes até os altiplanos bolivianos. Portanto, muitos espanhóis que comandavam os povoados vizinhos foram depostos e enforcados.

Nesse sentido, os revolucionários e Tupac Amaru ficaram com as armas e os bens, que eram distribuídos entre a população.

 As ações de Tupac Amaru

As primeiras definições postas pelo novo governo rebelde de Tupac Amaru foram o fim do recrutamento dos mitayos para trabalho nas minas de Potosí.

Além disso, reivindicavam o fim das aduanas – taxas de comércio de mercadoria entre as regiões, e o fim dos impostos da alavanca (imposto real, sobre vendas).




A revolta proclamada por Tupac Amaru, logo se espalhou com muita força e organização, ele  nomeou chefes locais conseguindo muitas adesões. Porém, assustado com a velocidade com que a revolta se espalhara, o bispo de Cusco, Juan Manuel de Moscoso y Peralta, enviou 1500 soldados com a intenção de eliminar o rebelde e dispersar o movimento.

Em novembro de 1780, ocorreu a batalha de Sangrará, em que no final todos os envolvidos são excomungados pela igreja católica. Portanto, este fato demonstrou o peso da religião naquele momento, pois com a excomunhão Tupac Amaro perde parte de seu contingente.

Contudo, Tupac Amaro contava ainda com um efetivo de 40 mil revolucionários em janeiro de 1781.  Dentre eles, caciques, indígenas, crioulos, negros escravizados e mestiços. Todavia, com o precário armamento, a falta de apoio dos aliados que vinham do norte e não conseguiram atravessar o rio Urubamba, o que se seguiu foi o recuo da Tinta e a sua derrota.

Em 1871 Tupac Amaru é sentenciado à morte por esquartejamento. Assim, seu corpo é atado a quatro cavalos com cada um puxando um membro de seu corpo. Porém, com o insucesso dessa ação, ele foi degolado.


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